sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Após estréia, 90% não entendem TV digital


SÃO PAULO – Pesquisa sobre a estréia da HDTV no país demonstrou que 90% dos usuários não compreendem a tecnologia.
Segundo levantamento do instituto Qualibest feito com 1684 usuários, 90% disseram não entender nada ou muito pouco sobre o funcionamento da TV digital e das transmissões em alta definição (HDTV), que estreou este domingo (2) na região metropolitana de São Paulo.
A pesquisa demonstrou que, embora as vantagens da TV digital sejam pouco conhecidas dos usuários, 67% afirmaram ter interesse em adaptar suas TVs para receber o sinal digital. Outros 33% disseram que não têm essa preocupação.
A pesquisa demonstrou ainda que 44% dos usuários pretendem “esperar o assunto amadurecer” para decidir qual set-top box comprar. Outros 28%, no entanto, dizem querer comprar o conversor já, para beneficiar-se do sinal digital.
Entre os usuários com interesse de migrar para TV digital, 56% disseram que R$ 200 é um preço justo pelo conversor e não pretendem pagar muito mais do que isso. O patamar de R$ 200 é defendido pelo governo Federal como o valor ideal para o conversor. Atualmente, no entanto, os set top boxes custam entre R$ 500 e R$ 1,2 mil.
O estudo demonstrou que os usuários vêm a TV digital como algo que vai melhorar a qualidade do som e do áudio da TV aberta. Um percentual muito baixo de usuários sabe que a TV digital pode trazer interatividade para as transmissões.
Felipe Zmoginski, do Plantão INFO

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

TV digital: oportunidade perdida para democratizar as comunicações!


A entrada no ar da TV digital em São Paulo, em 2 de dezembro, veio acompanhada da retórica de que estamos diante de uma nova revolução tecnológica. No entanto, o modelo digital estréia repetindo o modelo analógico – concentrado, sem diversidade e sem interatividade. Pior ainda, inacessível à maioria da população. Por conta da predominância dos interesses comerciais, a implantação da TV digital se mostra uma oportunidade perdida para democratizar as comunicações.

A primeira das promessas, a ampliação efetiva do número de canais, que poderia trazer mais pluralidade e diversidade, foi deixada de lado em nome da possibilidade de transmitir em altíssima definição (Full HD). Para isso, as emissoras que já tinham concessões em TV aberta receberam, em consignação, mais 6 MHz (no qual caberiam até oito programações) para operar a transmissão digital. Se transmitirem em altíssima definição, atingirão uma ínfima parcela da população com aparelhos de mais de 42 polegadas. Se utilizarem o espaço extra para fazer multiprogramaçã o, ou reforçam a concentração ou exibem canais terceirizados de vendas de produtos, aumentando os já abundantes shoppings eletrônicos. Na prática, quem já administrava um “latifúndio do ar” agora vai administrar um latifúndio improdutivo.

Também a opção pela interatividade segue como promessa. O elemento mais importante para que essa função exista é o middleware, que deve vir embarcado no conversor. Para o Brasil, foi aprovado o uso do Ginga, sistema que opera em licença aberta. Contudo, as emissoras não têm interesse nele, até porque se a interatividade plena emplacar, ela se torna uma ameaça às próprias emissoras, por tornar possível assistir na TV a conteúdos disponíveis na internet. Sem o Ginga embarcado, essa opção segue indisponível para o/a cidadão/ã.

Outra decepção é o alto preço do conversor, fruto das opções do governo brasileiro. Por conta das modificações impostas ao padrão japonês, o Brasil tem um aparelho válido apenas para o mercado local, o que gera dificuldades para atingir uma produção em escala que possa baratear consideravelmente o conversor. Se esse limite estivesse ligado a uma política de incentivo à indústria brasileira, estaria justificado; mas isso não ocorreu. Falou-se em centros de pesquisa e fábrica de chips, mas concretamente não houve transferência de tecnologia. Sem uma política industrial, o governo se tornou refém dos/as fabricantes de equipamentos e, agora, disponibiliza 1 bilhão de reais para tornar viável a aquisição do conversor por uma parcela considerável da população. Uma enorme quantidade de dinheiro público que vai alimentar indústrias estrangeiras.

Assim, a digitalização da transmissão de TV nada muda no cenário das comunicações brasileiras. Permanece a concentração de mercado na mão de poucas empresas. Concessões são dadas para os/as mesmos/as de sempre, sem transparência nem democracia. A possibilidade de uma comunicação interativa segue inexistindo. As vantagens das mudanças tecnológicas ficam disponíveis só para uma pequena parcela da população de grande poder aquisitivo. E o Brasil segue sem política industrial e alimentando o mercado estrangeiro de equipamentos. Em resumo, a transmissão é digital, mas continua tudo igual. (Por João Brant).

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

O que você precisa saber sobre TV digital



O telespectador poderá interagir com a emissora
A nova tecnologia promete uma revolução, mas não para já.
“Para quem não estive provido de recursos financeiros para adquirir receptores”

A televisão é o entretenimento mais popular no Brasil. Pode faltar tudo numa casa mas dificilmente não haverá um aparelho de TV. Os programas televisivos chegam a 50 milhões de lares, ou 163 milhões de pessoas. É fácil entender, portanto, o alcance de uma mudança que pode ser radical com o passar dos anos, mas que agora apenas engatinha.

No dia 2 de dezembro, na Grande São Paulo. Nos meses seguintes, nas demais capitais. E em 2009, no interior de todo o Brasil. As transmissões analógicas só serão interrompidas em 2016 – os brasileiros terão, portanto, nove anos para se adaptar.
“No dia 2 de dezembro para algum poucos privilegiados”.

É preciso trocar o televisor?
Sim, a não ser que você já tenha uma TV de plasma ou de LCD com entrada para um cabo HDMi. Nesses casos, basta ter um aparelho receptor, ou “set top box”, uma antena UHF e um cabo HDMi, que custa cerca de R$ 100. Os televisores tradicionais poderão captar agora o sinal digital, mas com ganho pequeno na qualidade da imagem.
“O que devemos fazer com os nossos televisores? Esta a revista não teve interesse de responder. E bastante obvio, jogaremos os televisores velhos fora poluindo o meio ambiente!”

Quando os receptores estarão disponíveis?
Os primeiros chegarão às lojas na próxima semana. Custarão caro! cerca de R$ 700 para aparelhos normais e R$ 1,1 mil para televisores de alta definição, a “Full High Definition”. Os novos modelos de TV, vendidos a partir do ano que vem, virão com receptor embutido. Ou seja: não vale a pena comprar agora o receptor.

Tenho TV por assinatura. Preciso do receptor?

Sim, mas só se você tiver pressa em entrar na nova tecnologia. As operadoras oferecerão novos conversores aos assinantes no ano que vem, apto a receber o sinal digital.

O que mudará com a TV digital?
Num primeiro momento a qualidade de som e imagem vai melhorar. O formato da imagem será mais retangular, como no cinema. Depois será possível receber informações, como o que aconteceu no último capítulo da novela. Em breve o telespectador poderá interagir com a programação. Os conversores disponíveis agora não estão completamente adaptados para funções interativas. Eles só devem começar a ser atualizados no ano que vem.

Como será essa interação?
De várias formas. O telespectador poderá votar no time com chances de ganhar uma partida, responder a pesquisas, voltar cenas. Com o controle remoto será possível comprar produtos e pagar contas.

As emissoras abertas mudarão o conteúdo?
Sim, mas é avanço lento. A globo, por ser líder do mercado, investiu R$ 200 milhões em equipamentos. Com a resolução altíssima nos aparelhos de alta definição, detalhes antes imperceptíveis, como rugas dos atores, ficarão visíveis.

Os programas antigos continuarão sendo transmitidos?
Sim. Devido às diferenças de definição, os aparelhos poderão exibir faixas pretas laterais, nas extremidades (quando a televisão com função digital receber uma transmissão analógica) ou faixas pretas horizontais (quando a televisão sem função digital receber uma transmissão digital).

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